segunda-feira, 4 de maio de 2009

Regulamentação: barreira para a IPTV na AL

O mercado de IPTV na América Latina vem crescendo rapidamente, com inúmeras novas operadoras implementando ou testando o serviço através de suas redes durante o último ano. Entretanto, devido às diferenças de regulamentação, o serviço de IPTV varia consideravelmente entre as regiões: desde operações completas em alguns locais, a serviços limitados apenas ao VOD (Video On Demand) em outros.

De acordo com um relatório elaborado em 2008 pela empresa de pesquisa e consultoria TVTelco Latam, a penetração da TV paga na América Latina duplicará ao longo dos próximos cinco anos devido à concorrência entre empresas de telefonia que estão lançando o serviço de IPTV. O relatório constatou que o IPTV contribuirá para ampliar o número de assinantes de TV paga na região de 27 milhões, no final do ano passado, para 59 milhões, em 2012.

No México, a penetração da TV paga deverá aumentar de 23%, registrados no ano passado, para 38%, até 2012, desde que o Acordo de Convergência seja colocado em prática brevemente. Espera-se que as operadoras de IPTV acrescentem no país 2,3 milhões de novos assinantes até 2012. Caso a inclusão de tecnologia nas políticas nacionais de comunicação para as empresas estatais responsáveis por esse serviço antes da liberalização do mercado resulte em um desenvolvimento de serviços de IPTV, a atual penetração da TV paga na Venezuela, de 24%, deverá ser duplicada até 2011. Nas mesmas condições, a penetração atual do IPTV no Equador, de 7%, também será duplicada, e até 2012, o Uruguai poderá contar com o mais desenvolvido mercado de TV paga da América Latina.

A Argentina corre o risco de ficar para trás, tanto em termos de crescimento como de adoção de novos serviços, uma vez que tem atualmente a regulamentação “mais restritiva” para IPTV.

Até o momento, entre as respostas mais liberais apresentadas pelos governos latino-americanos em relação à IPTV estão as do México, do Chile, do Uruguai, da Colômbia e do Peru, todas registrando bons prognósticos para o futuro sucesso desse meio de comunicação. Embora o Peru ainda não registre uma produção tangível de IPTV, Telmex e Telefónica constituem grandes rivais naquele país. Na Colômbia, a decisão da Comissão de Regulamentação de Televisão em conceder novas licenças de IPTV já gerou testes e atividades realizados pelas empresas Telefónica, EBT e UNE-EPM, enquanto no Uruguai o novo meio de comunicação vem garantindo grandes vantagens para a estatal Antel, com o recente lançamento de seu serviço Adinet TV de IPTV. No México, a nova liberdade de regulamentação também gerou, este ano, a atuação agressiva das empresas Maxcom, Televisa, Telmex e Telemax no mercado mexicano de TV paga.

Da perspectiva de uma operadora, a maior confiança na capacidade desse meio de comunicação talvez tenha sido demonstrada, até o momento, pela Telefónica, com o rápido lançamento de IPTV e DTH no Chile, na Colômbia, no Peru e no Brasil. Entretanto, a resposta regulamentadora às ações da Telefónica não foi universal. Apesar de seus testes para o novo serviço IPTV “Speedy TV” na Argentina, sua solicitação de uma licença para IPTV foi sumariamente rejeitada, uma vez que, atualmente, a atividade IPTV somente é permitida em áreas onde operadoras a cabo não atuam. Uma vez que todas as áreas não cobertas por tecnologia a cabo são de difícil acesso, localizadas em partes do país com população dispersa, qualquer lançamento lucrativo de serviços IPTV na Argentina constitui, no momento, uma tarefa excepcionalmente difícil.

Outras restrições incluem o caso do Brasil, onde, para proteger as operadoras de sistemas a cabo já estabelecidas no mercado, os players de telecomunicações estão limitados a serviços de vídeo sob demanda apenas, o que é incompatível com sua capacidade de oferecer serviços de transmissões terrestres. Naturalmente, os serviços de IPTV podem ser úteis no Brasil como alternativa para forçar as transmissoras de TV a converter seus sistemas para a dispendiosa TV digital terrestre. No entanto, até que ocorra uma mudança na regulamentação, o sucesso do serviço IPTV baseado apenas em receitas provenientes de VOD continua limitado.

As operadoras estão começando a tentar enfrentar essas regulamentações, ou juntando forças com operadoras de satélites para fornecer serviços mais completos ou, como no caso da Telefônica no Brasil, lançando em São Paulo um pacote conjunto de testes de FTTH/IPTV. No entanto, qualquer projeto em mais larga escala demanda uma dose significativa de criatividade e grande volume de recursos.

No final de 2007, o Brasil registrava uma taxa de penetração pouco acima de 10%. Entretanto, projeções do relatório indicam que, se as empresas estatais brasileiras de telefonia responsáveis por esse serviço antes da liberalização do mercado forem autorizadas a oferecer canais de transmissão via IPTV, a penetração da TV paga no Brasil poderá triplicar até 2012.

Por Gavin Whitechurch, conferences director, IPTV World Series

Fonte: Telecom Online

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