sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

TV Digital: aproveite as oportunidades de negócio que surgem

Início da televisão digital no Brasil traz consigo diversas chances de negócios, vagas de trabalho e nichos em aberto em tecnologia e telecomunicações. Confira!

Quando um paradigma muda, todo o mundo volta ao zero. A frase disseminada pelo futurista Joel Barker, que apresenta a idéia no filme A questão dos paradigmas, mostra o quanto empresas e antigos líderes de qualquer assunto ficam vulneráveis diante de um novo conceito, regra ou padrão. “Todo o trabalho anterior, não significa nada”, completa.

A estréia da televisão digital no Brasil traz à tona o ensinamento do executivo, porque é o momento de os envolvidos no processo – principalmente da indústria de equipamentos de recepção e emissoras de tevê – repensarem suas práticas e estratégias.

Mesmo entre as radiodifusoras abertas, cenário no qual a Globo parece intocável no primeiro lugar, nada está garantido. As novidades trazidas pelo modelo digital, como a chance de assistir à televisão no celular e outros equipamentos móveis, assim como a interatividade, mostram que será preciso um novo modelo de programas. De que tipo? Isso ainda é um mistério.

Justamente por existir um mundo de possibilidades, sem referências específicas nem em outros países, é que todos os competidores estão na mesma linha de partida. Conforme afirma o diretor da rede Bandeirantes, Frederico Nogueira, a televisão digital e a possibilidade de exploração de programas interativos iguala a todos os concorrentes. “Quem for mais eficiente ao descobrir como fazer os programas e ao entender o que querem os consumidores, terá descoberto uma mina de ouro”, aposta.

Um dos poucos exemplos de o que se faz hoje com interatividade pela tevê está no Japão. De acordo com Takakashi Ito, responsável pela área de desenvolvimento de novos produtos da emissora japonesa IPC World, há programas em que as inscrições são feitas antes do início da atração e, já em andamento, os participantes escolhem suas preferências entre opções exibidas. “Em uma viagem turística, o telespectador decide entre hotéis, restaurantes e quem ficar mais perto da cota definida previamente para aquela viagem, ganha. E tudo isso é feito em tempo real, com votos feitos pelo controle remoto”, explica.

Entretanto, um dos criadores do Ginga (software de interatividade desenvolvido no Brasil), Guido Lemos, explica que um dos avanços permitidos pelo sistema usado localmente é que foi pensado dentro de uma estrutura que considera a possibilidade de comunicação entre diversos eletroeletrônicos. “Quando a televisão digital foi concebida nos EUA, Europa e Japão, não havia redes sem fio Ethernet ou PLC (Power Line Communications) e isso limitava como a interatividade podia ser explorada”, argumenta.

No Brasil, várias pessoas podem participar se conectarem o celular via Bluetooth ou usando outros tipos de canais de retorno (a telefonia fixa, móvel e a rede WiMax são exemplos). Nesse caso, o telespectador acessa tanto os recursos interativos dos programas quando sistemas transacionais, como de comércio eletrônico, acesso a bancos e até os sistemas de governo eletrônico.

“Outro filão importante é o de propaganda, já que quem criar meios interativos atraentes poderá ter mais vantagem e resultado direto de resposta do público a partir do espaço usado”, ressalta Sidney Longo, da diretoria de TV Digital do CPqD. Justamente por essa razão, os desenvolvedores de sistemas interativos representam a maior parte da demanda de mão-de-obra que será criada pela tevê digital, que segundo a NEC, é de 25 mil empregos diretos.

Para isso, no entanto, o Ginga precisa ficar pronto comercialmente, o que ainda não aconteceu. Essa, inclusive, é uma grande oportunidade de atuação para qualquer profissional da área. E tentar, literalmente, não custa nada. O software está registrado no nome da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Universidade Federal da Paraíba, mas ambas decidiram não cobrar royalties por quem acessa a norma e promove o desenvolvimento a partir dela. “Só quem quiser o sistema pronto – caso queira acelerar o tempo de desenvolvimento – terá de pagar às universidades”, explica Lemos.

Os desenvolvedores brasileiros de software, conhecidos pela habilidade e criatividade na elaboração de jogos para celular e videogames, poderão investir em um novo filão, o de aplicativos que rodarão nos aparelhos receptores de TV digital.

As operadoras de telefonia, se incentivarem a exploração da interatividade, também poderão se beneficiar, porque são essas empresas que oferecem a maior parte das opções de canal de retorno. E a interação é muito mais abrangente do que apenas como formas de entretenimento, como hoje se destaca.

Para o diretor da novela Dance Dance Dance, da rede Bandeirantes, Del Rangel, existe um profissional na produção das novelas para responder às perguntas sobre onde encontrar em lojas as roupas e acessórios dos personagens. “Com a interatividade, essas informações e até a compra dos produtos poderá ser feita com o uso do controle remoto, o que prova que, na verdade, a interatividade é sinônimo de negócios”, destaca.

O CPqD concorda com a afirmação do diretor e, conforme destaca Sidney Longo, após dois ou três anos da estréia do padrão digital, tanto emissoras quanto fabricantes e agências de publicidade contarão com alguma ferramenta interativa. “Acreditamos que a interatividade da tevê digital é o próximo boom das comunicações, depois da telefonia fixa, da televisão tradicional e da telefonia móvel”, aposta outro profissional do CPqD, Juliano de Castilho Dall’Antonia.

Por isso, o diretor-executivo da RF Telavo, Jakson Alexandre Sosa, comenta que, além da demanda por profissionais nas emissoras de televisão aberta, também há vagas difíceis de serem preenchidas na indústria. Para solucionar o problema e diante do fato de que as universidades não terem muitos cursos voltados para a área, a empresa está formando sua própria mão-de-obra.

Entretanto, segundo ele, depois do treinamento e de as pessoas ficarem com bom nível de conhecimento, as emissoras as levam embora. “As radiodifusoras têm várias áreas de necessidade e muitas precisam de especialistas, como em produtos e aplicativos de middleware que formam um cenário amplo que as fazem ter mais problemas que nós da indústria”, afirma.

Na Samsung, o problema da falta de profissionais só não é maior, segundo Benjamin Sicsú, vice-presidente da companhia, porque a empresa possui um centro de pesquisas que ajuda na formação de pessoas. “Quem tem institutos desse gênero precisa treinar e contratar com antecedência”, explica. Apesar disso, ele diz que a companhia deverá aumentar o número de contratações e que a preocupação é especialmente com profissionais que entendam de semicondutores, porque “os profissionais de eletrônica são muito bons”, avalia.

Essas organizações, assim como as que atuam no setor de equipamentos de transmissão do sinal, também poderão ocupar um nicho rentável. Enquanto o mercado de venda de conversores (receptores domésticos de sinal) deverá movimentar 10 bilhões de reais em três anos – segundo previsão do ministério das Comunicações –, o setor de transmissores e equipamentos de gravação de programas é maior, já que só para anteceder a estréia da transmissão do sinal, as emissoras no total indicam investimentos de aproximadamente 315 milhões de reais.

Mas isso inclui basicamente a preparação para a transmissão em São Paulo e ainda será preciso adaptação e compra de novos equipamentos para atender a todo o País. E o prazo é curto. Afinal, em 10 anos, o sinal analógico será interrompido.

Mobilidade Os brasileiros aficionados por televisão, novela e futebol deverão nos próximos anos aumentar o tempo que assistem à televisão. O que também representa uma lacuna ainda não preenchida nos negócios, já que poucos produtos para isso foram apresentados. Entretanto, o mercado japonês dá uma amostra do potencial. Segundo informações da sede da Panasonic no Japão, o número de celulares equipados com a tecnologia one-seg, que permitem assistir a imagens de televisão aberta em dispositivos móveis saltou de 3,4 milhões em dezembro de 2006 para 9,8 milhões em agosto de 2007.

Até agora, nenhuma fabricante de celulares apresentou aparelhos adaptados no Brasil. Apesar disso, já existem aparelhos de televisão portátil. A RF Telavo, que tem uma parceria com a indiana Encor, apresentou informalmente um equipamento; a coreana KR Display levará os produtos móveis às prateleiras nacionais em dezembro, e a Tectoy mostrou ao mercado já oficialmente um dispositivo com saída USB para permitir aos notebooks assumirem um pequeno papel de televisores. Outro nicho, que parece promissor, mas até agora foi pouco comentado no mercado, é o de televisores em carros, ônibus e outros meios de transporte. De acordo com Frederico Nogueira, da Band, testes mostram que o padrão brasileiro permite imagens perfeitas mesmo durante deslocamentos de até 120 quilômetros por hora. No Japão, até setembro de 2007, havia 777 mil veículos com esse recurso, contra apenas 260 mil até dezembro de 2006. Oportunidades, portanto, não faltam. Há vagas promissoras de trabalho em aberto, assim como nichos de mercado que poderão render boas quantias para os pioneiros donos das melhores idéias. Além de eficientes em desenvolvimento de software ou programas, na fabricação de máquinas ou em qualquer outro setor dos que circundam a televisão digital, os empreendedores de sucesso serão aqueles que conseguirem da melhor forma entender o que querem os telespectadores. Programas específicos para os equipamentos móveis, por exemplo, são uma possibilidade altamente promissora, porque podem atender a necessidades específicas do telespectador, que não dividirá a imagem com mais ninguém. A chance está aí e a largada, diferentemente do sinal de tevê digital, que começa em dezembro, já foi dada.

Fonte: Por Luiza Dalmazo, do COMPUTERWORLD Datas: 03 de dezembro de 2007 - 07h05

Um comentário:

Anônimo disse...

A TV digital necessita de mais empreeendedores visionarios como Jackson Sosa,diretor da Telavo,cujo pai participou da quebra de paradigma da Televisao P&B para cores, para aproveitar as emergentes oportunidades de negocio.
Precisamos colocar toda nossa criatividade nesta empreitada de tornar o Ginga amigavel para a industria, radiodifusores, telespectadores, agencias e anunciantes.Rápido para nao perdermos o bonde da história.