segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dúvidas sobre TV Digital? Especialistas esclarecem o que muda no seu dia-a-dia

Chegou o dia do lançamento da TV Digital e a partir desta segunda-feira (09) os capixabas residentes na Grande Vitória terão melhor qualidade na transmissão de informação, maior quantidade de canais e interatividade. No entanto, apesar desta tecnologia ser o sonho de consumo de muita gente, ao mesmo tempo, aumentam as dúvidas sobre sua funcionalidade.

Para esclarecer e dar informações sobre a nova tecnologia, o doutor em Comunicação e Cultura e professor do Departamento de Comunicação da Ufes, Fábio Malini, e o comentarista do quadro CBN e a Tecnologia, Gilberto Sudré participaram do programa CBN Vitória desta segunda. Acompanhe a entrevista com os especialistas.

O que promete e o que já cumpre a transmissão em sinal digital?

Malini: Em um primeiro momento, acontece a melhora na qualidade da imagem. No segundo lugar, vem a questão da mobilidade, que tem a ver com a portabilidade, ou seja, vamos ter a possibilidade de assistir a televisão praticamente de todos os lugares. A televisão passa a ter uma penetração ainda maior do que já tem.

Com relação a interatividade, poderemos ter este serviço neste primeiro momento?

Malini: Esta possibilidade, aliada a cultura da seleção e da adaptação individual da programação, ficará para 2010, quando teremos um software popular brasileiro. Inicialmente a interação será limitada, o acesso à Internet e à comunicação mais ampla virá com o tempo.

O mercado já está preparado para atender a demanda do consumidor que vai procurar equipamentos para receber o sinal digital?

Sudré: Fiz pesquisas em lojas do comércio capixaba, em diversos estabelecimentos já se pode comprar os decodificadores que recebem o sinal digital. É um equipamento similar ao da TV à cabo e é ligado a antena padrão. Percebi que os comerciantes estão informados e preparados para atender os consumidores da nova tecnologia.

Como fazer para ter este sinal? Qual é o investimento inicial?

Sudré: O sinal da TV Digital é aberto, será transmitido em UHF. O decodificador custa de R$ 250,00 a R$ 800,00. Quatro fabricantes brasileiros já produzem televisões em LCD com o decodificador embutido.

Duas emissoras no Estado vão disponibilizar o sinal digital, mas o telespectador poderá assistir os outros canais da mesma maneira?


Malini: Se o telespectador aderir à TV Digital ele terá dois formatos. Um mais retangular, que é o característico ao aparelho em LCD, e outro mais quadrado, que representa o sinal analógico. Neste caso, possivelmente, aparecerão duas faixas horizontais, uma em cima, outra em baixo. Quem não aderir ao formato digital, não terá nada alterado.

É viável manter televisores tradicionais, já que os codificadores são caros? Ou é melhor investir em uma televisão já adaptada?

Sudré: Pode-se usar a televisão analógica com o decodificador, mas é importante observar se os aparelhos têm compatibilidade, pelo fato de alguns decodificadores só terem a saída HDMI, que é digital. A diferença de preço entre uma televisão com decodificador embutido e o conversor avulso é pequena. Em relação ao custo/benefício vale a pena comprar um novo aparelho de TV.

Como representar as melhores imagens e sons da TV Digital?


Malini: A imagem televisiva é formada por pontos em linha, no caso da digital existem um número maior de pontos e de linhas. Isto significa que a imagem passa a ter uma definição melhor e, com isso, todo o padrão de produção precisa ser mudado. Por exemplo, a teledramaturgia brasileira usa bastante as imagens próxima aos atores, em close up. Possivelmente, isso passa a ser um objeto de modificação. Ou você tem novos equipamentos que captam a imagem e amenizam manchas e rugas, ou tem que modificar toda a estrutura na produção. Na TV Digital, além da questão da imagem, a televisão passa a ser um item para pessoas altamente alfabetizadas. Futuramente, como vai acontecer a interação com frequências textuais e imagéticas, é necessário estar alfabetizado. A partir do momento que o telespectador criar a programação como acontece na Internet, não será possível acessar este meio por analfabetos.

Sudré: O grande desafio é nortear as pessoas que talvez não tenham uma leitura fluente ao que está sendo exibido na televisão.

Malini: O padrão icônico precisa ser absorvido, pode ser uma solução inicial. Na Internet ou no celular, precisa-se de um aprendizado. A televisão digital também exige isto. É um meio que vai exigir participação, o telespectador não vê só de longe, ele está imerso. Deve ser participativo. O desafio é ampliar os níveis de alfabetização. Tudo que é tecnológico afeta questões sociais.

Se a empresa de TV a cabo já recebe o sinal digital, como fica a situação do assinante? Essa mudança será feita gratuitamente, ou ele vai ter que comprar o conversor?

Sudré: A operadora de TV a cabo está lançando dois planos de TV Digital e o assinante vai ter que solicitar a mudança. Atualmente, o sistema à cabo é analógico. Os decodificadores usados hoje vão ter que ser substituídos por aparelhos digitais. Isso dará acesso a novos canais, com conteúdo digital, mas este serviço será pago. O assinante deve trocar o aparelho decodificador e o plano da TV a cabo.

Como fica o áudio para quem tem o home theater em casa?

Sudré: Estamos acostumados ao áudio estéreo na TV analógica. Na TV Digital, o áudio passa a ser Surround 5.1. É parecido com o som do cinema. São duas caixas laterais frontais, uma central e duas, na parte traseira da sala de exibição. Isso dá uma sensação de que você está dentro do filme.

A imagem da parabólica é similar ao da TV Digital?

Malini: São questões diferentes, a parabólica tem uma transmissão via satélite, a digital é via terrestre. O sinal digital é superior.

Sudré: Por exemplo, a Sky tem um sinal via satélite digital, mas a qualidade de geração de imagem é pior do que o da TV Digital.

Quem não conseguir comprar o conversor vai ficar de fora do sinal digital?

Sudré: Neste primeiro momento, só quem poderá ter acesso à esta imagem são as pessoas que têm o decodificador.

Quando a parabólica pega canais de outros estados, o sinal vai ser digital?

Sudré: A transmissão digital é regional, a área de abrangência é limitada. Os canais de outros estados devem chegar com menos qualidade.

Como fazer para ter acesso ao canais de televisão no computador?

Sudré: A TV Digital tem a característica de receber o sinal de dispositivos moveis, evitando os chuviscos, os fantasmas. Então para receber o sinal no PC, é necessário um aparelho USB, parecido com um pen-driver. Com um software você tem um conteúdo da TV Digital no computador. Este serviço não tem a qualidade máxima, mas é um sinal próprio para aparelhos móveis.

É necessário ter uma placa de vídeo melhor?

Sudré: Não precisa adicionar nada. O dispositivo custa R$ 150,00 em média. As pessoas podem trabalhar no computador, assistindo a TV Digital.

A TV sai do quarto e da sala e passa a ser portátil. O que muda na vida das pessoas?

Malini: Acontece a fragmentação do uso da TV. Paulatinamente vamos perceber a participação das pessoas. É claro que a TV Digital fará a composição da tela de forma distinta. A linguagem da TV com o comutador traz novos conflitos. Sabemos que há no computador dispositivos que capturam a imagem, no entanto, temos uma legislação de direito autoral atrasada, que não possibilita esta gravação. O uso convergente vai gerar este conflito. O computador é uma meta máquina e é uma máquina de armazenamento e distribuição poderosas. Com certeza isto vai ser um objeto de muito debate.

Sudre: Temos observado hoje uma convergência em uma série de utensílios domésticos. Um mesmo equipamento é computador, videogame, televisão.

Quando a TV Digital foi anunciada, o presidente da república afirmou que os decodificadores custariam entre R$ 100,00 a R$ 200,00. Porque o preço dos conversores está alto agora?

Sudré: A comercialização de equipamentos eletrônicos está relacionada ao volume de vendas e produção. No caso deste equipamentos ainda é pequeno. A televisão está chegando agora, mas a partir da popularização do sinal digital, a tendência do preço é cair.

Qual a diferença em tranmissão HD e Full HD?

Sudré: HD tem resolução de 720 colunas por 480 linhas. Full HD 1920 colunas e 1080 linhas. A diferença é na definição da imagem. HDMI não é um conversor, é uma interface que trabalha o áudio e o vídeo. Em casos de antenas coletivas, deve-se observar se o sinal é compatível com o UHF. Se for, basta ter um decodificador para ter o sinal digital.

Além das mudanças na forma de assistir TV vai mudar a forma de produzir TV?

Malini: A produção de TV não terá somente elementos audiovisuais. Vamos ter nos próximos anos é a inserção de outros elementos, sobretudo aplicativos da informática. A própria tela vira com elementos que permite interação. Por exemplo, a publicidade poderá ser produzida para além do anuncio do filme, o que é muito parecido com o on-line. Isso é uma modificação que pode ser possível. Tanto a produção da linguagem específica do vídeo, quanto a inserção de elementos neste plano é o que vai demarcar essa alteração.

O que é imprescindível consultar na hora de comprar a televisão ou o decoder?

Malini: Na hora de comprar deve-se ver a qualidade da imagem transmitida pela emissora.

Sudré: A questão do tamanho deve ser proporcional a distância em que estará assistindo em casa. Um televisão de 40 polegadas deve ser vista entre 1,6 metro e 2,4 metros. É bom perceber as distâncias recomendáveis.

Fonte: Gazetaonline

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