terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ginga

O Ginga “é uma camada de software que se coloca na televisão para receber aplicativos ou conteúdos digitais interativos, que vão permitir uma nova forma de ver televisão, não [mais] passiva, onde o telespectador pode interagir em cima do conteúdo apresentado”, definiu Luiz Fernando Soares, professor titular do departamento de Informática da PUC-RJ. O pesquisador Marcelo Moreno, do Laboratório de Telemídia da PUC-RJ, avaliou que em um primeiro momento o Ginga deverá ser usado mais nos aparelhos de conversão do sistema de televisão analógica para digital “do que para ser embutido diretamente nos aparelhos de TV”. O prazo de migração da TV analógica para a Digital é de dez anos. A primeira transmissão pelo Sistema Brasileiro de TV Digital será feita em dezembro deste ano, em São Paulo, conforme foi estabelecido pelo governo federal.

Os fabricantes de TV ou dos aparelhos conversores do sinal analógico para o digital poderão obter a licença para uso do Ginga a partir de hoje. Uma das empresas que funciona como elo de ligação entre a universidade e a indústria fabricante de televisões na comercialização da licença do Ginga é a Dynavideo, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O diretor executivo da companhia nascente, Luiz Eduardo Cunha Leite, informou que a parceria foi estabelecida no momento em que “a Dynavideo percebeu que a pesquisa no Brasil acabava no artigo científico. A empresa surgiu para suprir a necessidade de dar seguimento aos protótipos feitos durante a universidade, continuando o ciclo de desenvolvimento do produto”.

Cunha Leite disse que além de passar o protótipo para um produto, a companhia remunera a universidade e o pesquisador que fez aquele produto. Atuando no mercado de TV Digital já há quatro anos, a empresa da UFPB incentiva também a geração de patentes. Segundo Luis Fernando Soares, o Ginga poderá oferecer vários serviços: saúde, cidadania, correio eletrônico, governança e educação, entre outros. “O usuário interage com a TV digital, como se ele tivesse um programa individual que ele mesmo ajuda a criar”, explicou. Soares disse que o programa vai se tornar barato quando se pensa na quantidade de usuários que ele vai ter. Atualmente, cerca de 50 milhões de lares possuem aparelhos de televisão no Brasil. “Você vê que a escala do produto é muito grande. Com isso, o preço fica barato. A gente estima em torno de R$ 8 a licença para o fabricante ter o Ginga”, avaliou.

Para assegurar que haja interatividade no Sistema Brasileiro de TV Digital, o middleware Ginga - software que faz a intermediação entre a emissora e o aparelho na sala do consumidor - teve seu código aberto e publicado. "Os céticos ficarão surpresos com a velocidade com que aplicativos para interação entre o telespectador e a emissora chegarão à TV digital no Brasil", assegurou o secretário de Política de Informática do ministério da Ciência e Tecnologia, Augusto Gadelha. Desde julho de 2007 é possível fazer o download do Ginga Composer, programa para o desenvolvimento de aplicativos para o middleware no portal de softwares públicos mantido pelo governo federal. Dessa forma, qualquer pessoa poderá se aventurar e criar novas funcionalidades para a TV digital.

Previsto para chegar junto às primeiras transmissões digitais de canal aberto em dezembro, o middleware brasileiro desenvolvido em conjunto pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), no Rio de Janeiro, ficou pronto cinco meses antes. Sua conclusão pôs fim ao temor de que encareceria os set-top boxes - caixinhas que deverão ser anexadas aos televisores para converter o sinal digital - ao exigir pelo menos 100 Mg de memória para rodar. A empresa Dynavideo, criada por Luiz Eduardo Cunha Leite, ex-aluno da UFPB, demonstrou que com apenas 32 Mg no set-top box é possível colocar o Ginga em funcionamento.

Dois aplicativos estarão prontos até 2 de dezembro de 2007, quando começam as transmissões da TV digital no Brasil: um para acesso aos sites do governo e outro para ações no mercado financeiro. Representantes do governo e pesquisadores estavam presentes na cerimônia de lançamento do software de código livre no Instituto Militar de Engenharia, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. No evento foi anunciado um consórcio para o desenvolvimento de uma terminal de TV portátil, semelhante aos aparelhos facilmente encontrados em táxis hoje, com o Ginga instalado. Embora os nomes das empresas envolvidas tenha sido mantido em segredo, espera-se que o dispositivo fique pronto em dezembro. Até o fim do ano, o código referente ao trecho do sistema do Ginga instalado nos produtores de conteúdo - o chamado Ginga Station - também será publicado e transformado em software livre, revelou Guido Lemos, pesquisador responsável pelo desenvolvimento do middleware na UFPB.

Fonte: Inova.unicamp

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