terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Padrão teve melhores resultados em testes

Tecnologia japonesa foi comparada com a americana e a européia pela Universidade Mackenzie

Renato Cruz

Dentre os padrões internacionais de TV digital analisados pelo Brasil, o japonês ISDB-T é o mais novo e também o de melhor performance. Isso já havia sido demonstrado em um conjunto de testes feitos pela Universidade Mackenzie em 2000, em que a tecnologia japonesa foi comparada com os padrões americano (ATSC) e europeu (DVB-T).

A tecnologia americana teve resultados piores na recepção com antena interna. A européia, apesar de ter pontos em comum com a japonesa, não permite transmitir o sinal para o celular no próprio canal de televisão. Ela exige canais específicos para as transmissões móveis. Durante o processo de escolha, os radiodifusores defenderam o padrão japonês como o melhor para o Brasil.

A digitalização pode ser considerada a maior mudança tecnológica da história da televisão. Maior até do que a transição do preto e branco para as cores. A tecnologia chegou a São Paulo no começo de dezembro e, ainda neste primeiro semestre deve estar presente também em Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. A expectativa do governo é que a maioria das capitais esteja digitalizada até o começo de 2009. O prazo oficial para que isso aconteça é 2011. Para as demaiRenato Cruzs cidades, é 2013. Depois de 2016, segundo o cronograma do governo, as emissoras deixarão de transmitir o sinal analógico, e todos os brasileiros precisarão ter receptores digitais.

A TV digital permite a alta definição (imagem seis vezes melhor que a convencional), a multiprogramação (transmissão de vários programas ao mesmo tempo, em um só canal), a interatividade (serviços parecidos com os da internet no aparelho) e a mobilidade (recepção de TV aberta no celular e outros dispositivos móveis).

Das quatro novidades principais, a TV digital brasileira só ofereceu a alta definição na estréia. As emissoras comerciais não se interessaram muito pela multiprogramação, pois ela fragmenta a audiência, o que não é bom para o modelo de negócios baseado em publicidade. O software de interatividade desenvolvido no Brasil, chamado Ginga, não foi adaptado pelas fabricantes de televisores a tempo do lançamento. E não existem no mercado celulares que permitem a recepção da TV digital no formato japonês e que funcionem nas redes de telefonia móvel brasileiras. Os celulares japoneses são capazes de receber o sinal da televisão no Brasil, mas não funcionam para fazer chamadas.

Os celulares com recepção de TV digital devem chegar ao mercado ainda este ano. Por causa do padrão japonês, a Semp Toshiba decidiu voltar ao mercado de telefones móveis e investir cerca de US$ 50 milhões numa fábrica em Manaus. A empresa havia parado de fabricar celulares em 1993, mas planeja lançar entre seis e nove modelos neste trimestre.

O sistema nipo-brasileiro é uma atualização do padrão japonês, que já era mais novo e mais atual que o americano e o europeu. Ele usa uma tecnologia de compressão de vídeo mais avançada e incluiu o Ginga, software de interatividade desenvolvido localmente. Por causa disso, os aparelhos usados no Japão não funcionam aqui. Os televisores brasileiros precisam ter sido desenvolvidos especialmente para o Brasil. Segundo a consultoria IT Data, devem ser vendidos 500 mil conversores de TV digital no Brasil em 2008.

As empresas brasileiras de software têm potencial para exportar aplicativos de interatividade para o Japão. Para Yasutoshi Miyoshi, da Primotech21, haveria oportunidade, principalmente se o aplicativo estivesse ligado a um tema identificado com o Brasil, como o futebol. “Os japoneses iriam querer conhecer como o país do futebol interage com a televisão durante os jogos.”

Fonte: Estado

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