segunda-feira, 9 de junho de 2008

Governo já avalia adiar o fim da TV analógica

Tão simbólico quanto a estréia da TV digital, acompanhada por quase ninguém, deverá ser o fim das transmissões analógicas, marcado para 2016. Em tese, até lá todos brasileiros já estarão munidos de receptores ou TVs com conversores embutidos, e todas emissoras estarão transmitindo sua programação digital.


Mas o governo já admite ter um plano B para adiar o chamado "switch off" da TV analógica caso as adesões continuem baixas e as transmissões, limitadas.


"O plano existe. Se amanhã chegarmos à conclusão de que a grande maioria da população brasileira ainda não recebe a TV digital, claro que a gente pode [adiar o desligamento do sinal analógico]. O Presidente da República tem autoridade para fazer isso, ele pode estender o projeto", afirma o ministro das Comunicações, Hélio Costa.


De acordo com Juliano Castilho, diretor da área de TV digital do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), "esse cronograma não foi cumprido em lugar nenhum do mundo". "Olhando exemplos de outros países, acho que há chance de não ser cumprido o cronograma. Mas isso não é o que importa", diz.


Para Castilho, o cronograma funciona como um "direcionador". "Se as pessoas não compraram uma grande quantidade de receptor, você não vai tirar o sinal. Não interessa a ninguém."


"Se partirmos de uma tendência atual, a partir desse preço de lançamento conseguiríamos em dez anos atingir cerca de 80% da população, em número de residências. Daí vem a questão política: 80% é um bom número para fazer o desligamento?", questiona o especialista.


Exemplo dos EUA


Além da compra de conversores, outra dor de cabeça para o governo deve ser a potência da transmissão das emissoras, como acontece nos EUA.


Marcada para 17 de fevereiro de 2009, a interrupção na transmissão de TV analógica nos Estados Unidos deve deixar cerca de 23 mil pessoas sem receber sinal de alguns canais, segundo estudo do Government Accountability Office, o braço investigativo do Congresso norte-americano. Isso porque alguns radiodifusores afirmam que seu sinal digital terá uma cobertura geográfica menor do que a analógica.


"Aqui, a Globo entrou com potência de 15 kilowatts nas suas transmissões. Mas tem emissora aí que entrou com 1 kilowatt. Só para dizer 'olha, eu sou digital', mas não tem a potência suficiente", diz Hélio Costa.


Fonte: folhaonline

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