sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

‘Disposição para aprender faz a diferença’, diz engenheiro eletricista

Gerente da TV Globo foi um dos responsáveis pela entrada da emissora na TV digital.
Com quase 30 anos de TV, Carlos Fini conta sua trajetória.

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
Divulgação/Arquivo Pessoal
O engenheiro eletricista da TV Globo, Carlos Fini (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Com quase três décadas de TV Globo, Carlos Fini, 47 anos, já passou por montagens de diversos estúdios, compra de equipamentos dos mais variados tipos e mudanças de tecnologia. Nos últimos dois anos imergiu nos estudos da TV digital, que chegou à casa do telespectador brasileiro no fim do ano passado.

Atualmente no cargo de gerente de manutenção e tecnologia da TV Globo em São Paulo, Fini fala o que é importante para o profissional: a curiosidade e a disposição para aprender. Veja abaixo a entrevista que ele concedeu ao G1.

G1 - Como o senhor optou pelo curso?
Carlos Fini –
Fiz curso técnico em eletrônica e, desde o ensino fundamental, gostava muito das exatas, tanto de química, quanto física ou matemática. Não tinha de fazer nenhum esforço para lidar com essas disciplinas. Aí, como era de família simples e tive de trabalhar, fui fazer estágio, tinha três opções e acabei escolhendo a TV Globo. E a TV acabou pagando a faculdade um tempo depois.

G1 – Por que o senhor escolheu a TV?
Fini -
Na época em que fui fazer estágio, o forte eram as telefônicas e empresas que estavam começando com informática. Mas gostei muito do que me falaram na entrevista da Globo. Tinha muitas possibilidades de especialidades, era multidisciplinar, mais abrangente.

G1 – Como foi sua evolução na empresa?
Fini –
Fiz um ano de estágio e depois fui contratado. Entrei em 1979, terminei a faculdade em 83, passei para engenheiro e virei supervisor de uma área. Aí, em 84 ou 85 eu abri uma empresa minha em paralelo, na qual fiz a instalação de equipamentos para muitas produtoras de vídeo. Em 88, pensei em casar e em sair de São Paulo. Acabei indo para São José dos Campos, para montar uma emissora da TV. Tomei conta da operação por seis anos, daí, no começo de 94 voltei para São Paulo.

G1 – Qual é sua função atualmente?
Fini -
Sou gerente de uma área de engenharia, a de suporte e tecnologia. Cuido da manutenção de equipamentos e das novas tecnologias. Existe um outro grupo, que é o de operação, que vive de fazer acontecer no dia-a-dia. Entre outras coisas , minha área participa sempre que se discute um equipamento novo, ou novas tecnologias.

G1 – Que tipo de atividade o senhor já teve?
Fini -
Peguei a montagem da emissora da Berrini [o prédio da TV Globo, na Zona Sul de São Paulo], na qual fui gerente de projeto. Participei da montagem de estúdios, e fortemente da implantação da TV digital.

G1 – E a TV digital foi uma grande mudança de tecnologia?
Fini –
Muda da água para o vinho. A TV digital é um computador com display. Dentro da emissora o grau de sofisticação exigido foi muito grande, a tecnologia mudou muito. E toda a decisão do comprar passou pela gente. Se vai comprar a câmera é o engenheiro que tem de dar suporte para a decisão: falar que tipo de câmera, lente, fornecedor, suporte, requisitos, especificações.

G1 – Então é preciso estar muito antenado com as mudanças?
Fini –
A tecnologia é como aquela história do cachorro que corre atrás do rabo: nunca vai alcançar. Quando você domina um equipamento, ele já está desatualizado. Por isso é que é preciso pesquisar, ficar atualizado e ler muito do que é publicado. Além de saber as fontes de informação seguras, pois muitas vezes você se baseia nela para a compra de um equipamento que custa centenas de milhares de dólares. Se fechar um engenheiro seis meses em uma sala, ele não sabe de mais nada da tecnologia.

G1 - Qual é o perfil que um jovem que quer ingressar na área deve ter?
Fini -
Partindo do princípio de que todos têm potencial, o que faz diferença é a disposição para aprender uma coisa nova. A curiosidade e desejo de aprender.

G1 – O senhor está satisfeito com a carreira de engenheiro?
Fini –
Como engenheiro já tive oportunidade de trabalhar com muitas coisas. Fiquei dois anos com TV digital, mas vão aparecer outras tecnologias. Não tem como enjoar, a carreira é muito dinâmica e muda muito.

G1 – Muito da carreira se aprende na prática?
Fini –
A escola te dá só o empurrãzinho. O resto é você que determina. Em qualquer ramo é assim. Trabalho muito como gerente de equipes e a gente subdivide as coisas. Tenho hábito de pegar um dos assuntos que me atraem para eu mesmo cuidar. Em 2001, a gente fez um estúdio para o Jô Soares e a Ana Maria. Não tinha ninguém de iluminação. Então comecei a estudar o assunto.

G1 – Como está o mercado?
Fini –
O mercado tem de melhorar muito, mas está mais aquecido do que esteve nos últimos três anos. No ramo de TV houve mudança radical de tecnologia e as empresas precisam de pessoas atualizadas.

G1 – Como o jovem descobre se gosta de engenharia elétrica?
Fini –
Se o jovem analisar o comportamento, descobre do que gosta. Engenheiro tem de ter curiosidade, vontade de saber como as coisas funcionam. É preciso estar na área que você gosta, senão acaba não se dedicando e vira um mau profissional.

Fonte: G1

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