segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

TV digital: Amorim cobra parceria do Japão

RIO, 18 de janeiro de 2008 - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, aproveitou a cerimônia de abertura das comemorações do centenário da imigração japonesa ao país, ontem no Itamaraty, para pedir ao Japão que instale uma fábrica de semicondutores no Brasil. Quando o Brasil optou pelo padrão japonês de televisão digital, ficou acertado que os asiáticos estudariam a construção de uma fábrica de chips no país. A promessa não saiu do papel.

O recado foi para o vice-ministro de Negócios Estrangeiros do país asiático, Hitoshi Kimura, que liderou a comitiva japonesa e veio ao Brasil para participar do evento. Amorim também fez propaganda do álcool. Declarou estar certo de que os japoneses sabem da importância do combustível para a sua segurança energética, assim como para a diversificação de fontes de energia na luta contra o aquecimento global.

Apesar do lobby, a chancelaria brasileira sabe que tem ainda um longo caminho a percorrer até que o álcool ganhe mercado no Japão.

Ciclos de intercâmbio

Brasil e Japão pretendem aproveitar as festividades para impulsionar o que batizaram de terceiro ciclo virtuoso de intercâmbio bilateral. A primeira onda foi quando os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil. O segundo ciclo, na década de 1970, foi marcado pelos investimentos de empresas japonesas de siderurgia e celulose no Brasil. Agora, acreditam diplomatas dos dois países, os setores que devem liderar o terceiro movimento serão a televisão digital e os biocombustíveis.

Segundo Amorim, Brasil e Japão se distanciaram nos últimos anos porque os dois países passaram por dificuldades econômicas. O Japão enfrentou uma estagnação, explicou o ministro, enquanto o Brasil lutou contra a inflação e a instabilidade de sua economia.

- Temos todas as condições de retomar nossa parceria.

O vice-ministro de Negócios Estrangeiros japonês concordou. Disse que o Ano do Intercâmbio Brasil-Japão é uma oportunidade para ampliar o comércio e os investimentos bilaterais "com os olhos voltados para os próximos 100 anos".

Kimura ressaltou também a importância da comunidade japonesa no Brasil e dos brasileiros que vivem no Japão. Segundo o vice-ministro, essas pessoas ajudam o desenvolvimento econômico dos dois países e servem como ponte entre Brasil e Japão.

Amorim aproveitou a deixa e pediu melhores oportunidades para os brasileiros que vivem no Japão.

- É muito importante ouvir que o Japão valoriza essa presença. Estamos certos de que os brasileiros no Japão contarão com a mesma oportunidade de inclusão social que nós oferecemos aos japoneses que aqui chegaram - disse o chanceler.

Vivem no país asiático 310 mil brasileiros. Já a comunidade japonesa no Brasil é integrada por 1,6 milhão de pessoas.

Para comemorar o Ano do Intercâmbio Brasil-Japão, já foram programados cerca de 200 eventos. A agenda inclui missões empresariais, simpósios sobre economia e comércio, exposições de artes plásticas, festivais de cinema, apresentações teatrais, concertos e eventos esportivos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia, mas não discursou. Recebeu de Maurício de Souza um quadro com a cópia do mascote oficial das comemorações. Inspirado nos filhos do desenhista com a descendente de imigrantes japoneses Alice Takeda, o mascote será batizado por integrantes da Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. (Jornal do Brasil)

Fonte: Gazeta

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