quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Mercado Público aposta no software livre

Deve sair do papel até o final do ano o Mercado Público Brasileiro, um site onde órgãos de governo e também pessoas físicas, jurídicas e universidades poderão disponibilizar software, com a condição de abrir mão do direito de marca e nome e colocar o código sob licença GPL versão 2.

A iniciativa será uma expansão do Portal do Software Público Brasileiro, que reúne atualmente 10 soluções criadas por diferentes órgãos do governo, três de universidades (incluindo o Ginga, o middleware da TV Digital) e um de origem privada, o gestor de correio eletrônico JeguePanel.

“Num primeiro momento, nossa intenção era aumentar a qualidade do software usado no governo. Vimos que poderíamos fomentar o mercado”, explica o gerente de Inovações Tecnológicas da Secretaria de Logística e TI do Ministério do Planejamento, Corinto Meffe, que esteve em Porto Alegre falando sobre o tema no Seprorgs nesta quarta-feira, 30.

Segundo Meffe, os 10 softwares disponibilizados pelo governo são resultado de R$ 30 milhões de investimento em desenvolvimento. O mais conhecido deles é a solução de inventário Cacic, que já tem 670 prestadores de serviços espalhados pelo Brasil. “Nossa idéia é reunir oferta e demanda em um só lugar”, resume o gerente.

Está nos planos incluir no portal mecanismos típicos de web 2.0 de ranqueamento dos melhores prestadores de serviços dos diferentes softwares disponíveis. A formação de um comitê gestor e a busca de fundos de patrocínio da Finep para os projetos também integra a agenda futura.

Meffe faz questão de frisar que a iniciativa tem apoio, ainda que reticente, de entidades empresariais, como Assespro, e do setor de TI, como Sucesu. “Queremos construir isso junto da sociedade. Não há pretensão do governo de dominar o Mercado”, garante o carioca.

A intenção de fomentar negócios em torno software livre nacional esbarra nas dificuldades internas da comunidade brasileira. “A atração maior é por iniciativas internacionais, como o Debian”, reconhece Meffe. “Mas o Mercado pode ajudar, oferecendo um campo neutro e a segurança da continuidade do desenvolvimento”, completa.

A história do JeguePanel – já baixado 3,4 mil vezes - é um resumo das dificuldades dos empreendedores do software livre. Anahuac de Paula Gil, criador do programa e presidente do Grupo de Usuários Gnu/Linux da Paraíba anunciou na semana passada a intenção de não trabalhar mais profissionalmente com o sistema.

“A grande maioria não colabora de nenhuma forma, ou seja, não nos enviam relatórios de erros, não realizam contribuições de código, não colaboram com a documentação, não contratam nossos serviços e sequer são capazes de colaborar fazendo doações em dinheiro para o sustento do projeto”, resume Gil em um artigo que causou polêmica entre os defensores do código aberto e está disponível no Baguete pelo link relacionado abaixo.

Fonte: Baguete

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